domingo, 26 de setembro de 2010

Educação e Tecnologias Assistivas


Uma boa dose de criatividade por parte dos professores pode fazer com que soluções simples facilitem o aprendizado do aluno. Exemplos? A fita adesiva que fixa o papel na carteira, para que o aluno com deficiência motora possa escrever sem que a folha escorregue, um jogo da memória feito com relevo para os alunos cegos ou softwares que lêem em voz alta o que está escrito na tela. Tudo isso pode ser chamado de tecnologia assistiva, ou seja, toda e qualquer ferramenta ou recurso utilizado com a finalidade de proporcionar maior independência, autonomia, qualidade de vida e inclusão social da pessoa com deficiência.

Dicas de livros para professores disponíveis na Rede Saci.

  • Acessibilidade. Brasília: Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, Corde, 2005.
  • Educação inclusiva: o que o professor tem a ver com isso? Rede Saci, 2006.
  • MITTLER, Peter. Educação Inclusiva - contextos sociais. Artmed Editora, 2003.
  • AMARAL, Lígia Assumpção. Pensar a diferença/deficiência. Rede Saci.

Cultura e Tecnologia

Desde os anos 80, segundo a UNESCO, cresceu o entendimento de que as dificuldades impostas pelos limites de uma deficiência a um indivíduo variam segundo a cultura e desenvolvimento tecnológico de cada país ou região. Não são apenas o tipo e o grau de deficiência sensorial, cognitiva ou física que determinam a limitação de uma pessoa; o ambiente no qual se insere também pode fazer com que fique mais ou menos limitada. Aplicando-se essa idéia às páginas da web, podemos entender como a tecnologia tanto pode, quando bem utilizada, contribuir para maior qualidade de vida para inúmeras pessoas, como a se constituir, se for mal empregada, numa grande fonte de frustração. Se as pessoas com deficiência visual ou dificuldades motoras que não utilizam mouses, por exemplo, pudessem navegar pela internet e fossem a agências bancárias on-line realizar transações financeiras sem sair de casa; se lojas virtuais de vendas e supermercados tivessem sites com um acesso fácil e possível a esses internautas, evitando uma locomoção desnecessária na hora de comprar um livro para um amigo ou um CD de música para escutar; se tal tecnologia permitisse a leitura, na internet, do jornal preferido por elas; se pudessem estudar e se divertir; se, enfim, conseguissem utilizar de todas as facilidades que a internet, especialmente a web, oferece à maioria de seus usuários, essas pessoas estariam cada vez menos limitadas. A tecnologia da web não seria mais uma barreira a ser transposta mas, ao contrário, um veículo de transposição de barreiras e melhora da qualidade de vida.

Como tornar Acessível a webe para pessoas com deficiência visual?
Nossos limites e facilidades de acesso a tudo isso por nossos softwares específicos, são conhecidos por uma designação que pode servir a quase tudo que se refira a obstáculos e facilidades, virtuais ou não: no nosso caso, chamamos de acessibilidade à viabilidade de podermos perceber os textos, seja escutando ou tateando através do Braille, e podermos executar os serviços e aplicativos que estão na tela.
Assim, podemos resumir que, para qualquer pessoa com deficiência que necessite de acessibilidade para navegar pela internet, com exceção dos surdos, é necessário:
  1. os sites possuírem uma boa navegação via teclado, até em seus elementos menos simples, como tabelas de dados, frames, imagens etc, simultaneamente com a navegação via mouse", para que a página tenha um desenho universal.
  2. que os serviços oferecidos nas páginas do site, como o envio de e-mails, formulários, pesquisas, cadastros etc, também possam ser executados pelo teclado.
Dessa forma, podemos dizer que um site na internet, os softwares e aplicativos, possuem uma boa ou má acessibilidade, que são totalmente acessíveis ou totalmente inacessíveis para nós, dependendo do quanto possamos conhecer seu conteúdo e executar suas tarefas. Para nós cegos, como para os surdos, temos de acrescentar a necessidade básica de fazermos equivalências textuais. No caso de pessoas cegas, equivalentes textuais aos conteúdos das imagens, enquanto para os colegas surdos, equivalentes textuais nos conteúdos sonoros.
Boa parte dos Flashs e de Applets Java são impossíveis para nós. No caso do uso de flash, somente a partir da versão MX, 6.0 não nos trava a navegação. A MX, por ter seu código aberto, pode ser lido por nossos softwares. Porém sua acessibilidade ainda é reduzida, principalmente na existência de texto dinâmico. Os arquivos PDF tornaram-se acessíveis, quando não estão protegidos, a partir do Acrobat 7.0 para ledores de tela como o Jaws, a partir da versão 6.20, Windows Eyes 5.5 e Hal, a mais recente, mas ainda é um arquivo repelido pela maioria das pessoas com deficiência visual.
Alguns Javascripts e VBscripts nos criam dificuldades, especialmente aqueles que só são ativados por manipulação do mouse, não aceitando sua execução via teclado. Nesse caso, dependendo do evento a ser acionado, o script pode ser substituído por algum que aceite o teclado, utilizando-se tratamentos redundantes para os eventos do mouse:
  • Use "onmousedown" com "onkeydown".
  • Use "onmouseup" com "onkeyup"
  • Use "onmouseover" com "onfocus"
Use ."onmouseout" com "onblur”. o objetivo não é somente chamar a atenção de desenvolvedores de páginas para nossas necessidades específicas, é mostrar que com certa facilidade pode-se tornar uma página totalmente acessível e confortável para nós. Verifiquem, por favor, o mais simples de meus exemplos: se existe o atributo alt="algum texto" nas imagens de suas páginas... só isso já nos ajuda demais e, se altera o conforto da navegação e estética de sua página, será para melhor!
Educação inclusiva


As pessoas com deficiência fazem cursos que antes eram difíceis de serem iniciados e/ou concluídos devido à falta de estrutura física e às várias barreiras existentes para chegarem os prédios das instituições de ensino que, mesmo sendo legalmente obrigadas a disponibilizarem meios amigáveis de acesso e comunicação dentro de seus estabelecimentos, não se encontram preparadas para recebê-los.
Percebe-se que muitas mudanças são necessárias e emergentes, tais como criação de políticas públicas que viabilizem a aquisição de computadores e todos os recursos necessários para que as pessoas com deficiência consigam se qualificar sem ter que sair de suas casas. Por outro lado, temos de destacar que políticas públicas de acessibilidade para que essas universidades tenham uma educação inclusiva, que sejam em si mesmas acessíveis, já existem e que devem ser aplicadas para que essas pessoas possam enfrentar todos os obstáculos físicos e sociais existentes com mais comodidade.
As pessoas com deficiência há muito já vêm se especializando e fazendo cursos em entidades de ensino superior e até mesmo são professores em inúmeros desses cursos. Pessoas com deficiência podem se qualificar para serem aceitos e podem conseguir empregabilidade por meio de suas competências e não somente pelo fato de haver leis que garantam vagas por meio de cotas. Um exempo de quem aderiu o ensino EAD foi  o analista de sistema Laércio Sant'Anna, 40 anos, cego de nascença e aluno do curso de Administração da Universidade Virtual Brasileira (UVB). Para Laércio (In. MAZZOLENIS, ano 2007, p. 93) a decisão de fazer um curso a distância não poderia ter sido melhor: Em minha casa tenho um ambiente mais tranqüilo e, conseqüentemente, mais favorável ao aprendizado. Atualizo e amplio meus conhecimentos, agregando uma macro visão do mundo em que vivo e atuo. E tudo isso no meu ritmo, sem perda de tempo, nem deslocamentos pela cidade, de forma segura. Acredito que essa forma de ensino ajuda muitíssimo aos portadores de deficiência e poderá auxiliar ainda mais, desde que sejam usadas técnicas adequadas a esse usuário.
Com a ajuda de alguns softwares sintetizadores de voz, tais como o Dosvox, o NVDA, Virtual Vision, Jaws e outros que traduzem oralmente o conteúdo transmitido, um cego acompanha um curso on-line. Os três primeiros são gratuitos. O primeiro pode ser encontrado no site da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o segundo no site do NVDA Site Externo.e o terceiro é oferecido pelo Banco Bradesco aos seus correntistas.
Na questão das NTIC´s, é preciso lembrar um importante pressuposto que, embora seja um truísmo, é muitas vezes esquecido ou obnubilado nos debates sobre este tema: as tecnologias não são boas (ou más) em si, podem trazer grandes contribuições para a educação, se forem usadas adequadamente, ou apenas fornecer um revestimento moderno a um ensino antigo e inadequado. É essencial, porém, que tenhamos consciência de que sua integração à educação já é uma opção sem volta: estas tecnologias já estão no mundo, transformando todas as dimensões da vida social e econômica; cabe ao campo educacional integrá-las e tirar de suas potencialidades comunicacionais e pedagógicas o melhor proveito. O que exigirá dos sistemas educacionais grandes esforços de imaginação pedagógica.

Plano pedagógico para inclusão

A Rede Saci é uma rede de informações sobre deficiência que promove discussão, bate-papo, publica artigos e divulga materiais de acessibilidade. O site da Rede também auxilia professores a trabalharem com a inclusão de alunos. As principais ferramentas de atuação da Rede são a internet e os Centros de Informação e Convivência (CICs), situados nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo e Uberlândia. Educadora e coordenadora da Rede Saci, Ana Maria Barbosa conta que o Observatório de Educação Inclusiva representa um espaço democrático em que professores, família, alunos e pais se reúnem para trocar experiências sobre inclusão.
Os resultados desses encontros foram sistematizados em uma espécie de cartilha voltada para o professor. O livro, editado pela Imprensa Oficial de São Paulo, chama-se "Educação Inclusiva: o que o professor tem a ver com isso" e pode ser baixado no site www.saci.org.br (Site Externo)gratuitamente. A Rede Saci pretende dar continuidade ao livro produzindo outros volumes específicos por faixa etária dos alunos. "Essa é uma das contribuições que queremos oferecer à capacitação dos professores", adianta Ana Maria.

O que é Acessibilidade?

A primeira vez que nos deparamos com a palavra acessibilidade, pensamos, naturalmente, que ela seja proveniente ou derivada da palavra acesso. Mas, e daí? Em geral essa palavra não está sozinha, vem contextualizada de conceitos técnicos ou práticos, normalmente associados a pessoas com deficiência. Sua aplicação, de fato, teve origem na necessidade da transposição dos obstáculos arquitetônicos que impediam e impedem o acesso de pessoas com deficiência a lugares de uso comum e público.
Mas, ao longo do tempo, o conceito de acessibilidade assumiu dimensão mais ampla. Qualquer tipo de barreira para qualquer pessoa, mesmo sem deficiências ou apenas com limitações temporárias, passou a ser relacionado à acessibilidade. Por exemplo, calçadas esburacadas, perigosas para mulheres grávidas que não podem enxergar os pés, ou um site na internet cujo código não permita o acesso por meio de celulares, passaram a ser inacessíveis. Uma grávida e um proprietário de celular com bons recursos não são pessoas reconhecidamente com deficiência, mas podem encontrar inacessibilidades comuns às pessoas com deficiência. Assim, o conceito adquiriu sentido mais amplo. Hoje, na prática, acessibilidade diz respeito à qualidade ou falta de qualidade de vida para todas as pessoas.